São Maximiliano Kolbe


Homens como São Maximiliano Kolbe (1894-1941), canonizado pelo seu grande compatriota Papa João Paulo II em 10 de Outubro de 1982 e com Memória Litúrgica a cada 14 de Agosto, constituem uma Máxima de incalculável valor para a vida da Igreja e do mundo, especialmente num tempo como o nosso em que da ordem do dia fazem ainda parte, como por muito mais tempo continuarão a fazer, temas tão pertinentes
, urgentes e difíceis, como sejam o da paz e o do entendimento entre povos e nações, a reconciliação nas e entre as famílias; um tempo, portanto, tão carente como sempre antes se esteve e depois ainda estará dos dons que são a reconciliação e o perdão; um tempo, enfim, em que mais do que nunca não aderir à Lei do Amor é percorrer estradas de mal e caminhos de acrescentada violência. No mínimo, da vida e da morte de Maximiliano Maria Kolbe deveremos, nós os de agora e todos os que vierem depois, procurar aprender a “máxima” da sua vida, que o foi sobretudo na sua oblativa morte, e que consistia em palavras aparentemente tão "simples" como estas que Maximiliano Kolbe sempre aos seus colaboradores: “nunca deixar esquecido o Amor!” 

Hoje é com gratidão que recordo três pontos que julgo ser de contacto "pessoal" com este grande Santo Franciscano do século XX: 1. Maximiliano Kolbe é um dos Santos Canonizados da Igreja que, como estudante, passou pelos bancos da Universidade Gregoriana e em particular pela sua Faculdade de Filosofia, à qual agora tenho o gosto, e a responsabilidade, de pertencer; 2. Em 1998, quando em visita ao Campo de Concentração de Auschwitz, fiquei imensamente tocado pelo sentido de Presença que senti reflectida no meu coração a partir da deflecção que me"vinha" das paredes da pequeníssima cela do infame Bloco 14 daquele que foi durante a Segunda Guerra Mundial um dos mais brutais campos de concentração e de morte de toda a história, aquele mesmo em que no dia 14 de Agosto de 1941, depois de 14 dias de inacreditável tortura, Maximiliano Kolbe, sem culpa alguma mesmo diante das leis mais iníquas que governavam aquele lugar de terror e de morte, mas tendo-se oferecido em substituição de um condenado que era pai de família para que este pudesse viver e retornar ao convívio dos seus, morreu na sequência da injecção de ácido fénico que lhe deram, expirando com as seguintes palavras na sua boca: «Ave Maria»! 3. Em 2008, passando por Nagasaki tive a grata surpresa, ao entrar no Museu adjunto à Igreja de Oura, de ali mesmo ter ficado a saber o que até então não sabia, ou seja, que nos finais dos anos 20 do século passado, Padre Maximiliano tinha alargado ao Japão a sua extraordinária actividade de publicista, remontando a 1930 o início da publicação na cidade de Nagasaki e a partir da sua nova “Cidade de Maria” da versão Japonesa do “Cavaleiro da Imaculada” que desde há anos produzia anualmente milhões de cópias de um jornal inteiramente dedicado ao serviço da Igreja e da Fé sob a inspiração do Coração Imaculado de Maria. Em 2008, aprendi também que na “Cidade de Maria” fundada por Maximiliano Kolbe, entretanto martirizado no Campo de Concentração de Auschwitz, encontraram refúgio numerosas vítimas do Bombardeamento Atómico da cidade no dia 9 de Agosto de 1945. 

Dito isto, gostaria de terminar com palavras que não podem ser senão de humilde e profunda veneração diante de um Santo que se licenciou em Filosofia na Faculdade a que agora pertenço; que descobriu e realizou uma extraordinária obra de publicitação dos princípios e valores do Cristianismo através de numerosas publicações de massa, uma das quais, em pouco tempo ultrapassou, só na Polónia, o milhão de cópias por edição; que percebeu como poucos a natureza global do Cristianismo, ousando transplantar o modelo de sucesso que tinha no seu País natal para uma outra realidade, completamente diferente tanto do ponto de vista cultural como do social e político, entrando com grande determinação no espaço japonês de missionação; um homem que nunca se vergou aos poderes do mal e da injustiça e que sempre preferiu permanecer ao lado dos mais pobres e vulneráveis (quando teve a possibilidade de obter cidadania alemã, que eventualmente o teria salvo dos suplícios de Auschwitz, ele recusou, e nunca deixou de levar por diante a sua Obra mesmo debaixo das ameaças mais grotescas e brutais das forças nazis invasores da sua Polónia natal); um homem, enfim, que no Bloco 14 de Auschwitz, para salvar um pai de família caído em desespero por ter sido condenado a terrível morte de fome em bloco de isolamento como represália nazi contra uma pequena revolta naquele mesmo campo de concentração, se oferece em substituição oblativa e, assim, morrendo uma morte que malgrado as terríveis e inapeláveis circunstâncias foi já "gloriosa" (recordo ainda a emoção que senti ao ver como tão apropriadamente no centro da cela em que morreu Maximiliano Kolbe brilhava na escuridão do espaço e no turbo escurecido das paredes circundantes o Círio que nos identifica com a Luz do Pascal Mistério de Cristo), uma morte, portanto, que por si só se transformou já naquele 14 de Agosto de 1941 e de modo definitivo em sinal perene do Amor mais puro e duradoiro, mais humano e divino, mais radical e santo. O Papa João Paulo II, seu grande admirador, com o seu habitual sentido de penetração nas necessidades espirituais mais prementes do tempo presente, declarou São Maximiliano Kolbe “Padroeiro do nosso difícil século”. De facto, é mesmo de perguntar se uma figura tão grandiosa como a de Maximiliano Kolbe não pode ser declarado também Padroeiro das dificuldades de todos os séculos, particularmente dos futuros, pois o seu exemplo nos faz ver que, no mundo, nada há de mais difícil do que implementar, sobretudo de forma estrutural, aquele Amor que na vida de São Maximiliano Kolbe foi até ao fim lei radical de Vida e na hora da morte não impediu o brilho da sua mais pura, perfeita e derradeira consagração, de resto em perfeita consonância com o Franciscanismo da sua existência. Possa, então, este grande Santo nosso contemporâneo, nosso próximo de excepcional presença, ajudar-nos a todos (sem esquecer a sua primeira Alma Mater em Roma!) a enfrentar ao Modo de Jesus e no estilo de Maria os problemas que a Vida e a Morte sempre nos colocam, sendo que o maior de todos eles é, e sempre permanecerá, este: aprender a descobrir, e sempre mais com cada dia que passa, o Sentido e o Valor que a Vida, em que a morte também se integra, tem e ganha mediante a sua projecção para o único horizonte que nos serve, pois Ele é o Infinito!

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